sexta-feira, 31 de julho de 2009

Porto seguro


Em teu colo repouso em sono tranqüilo
Princípio de paz que acorda meu dia
Rege os momentos em que só me deixas
Vive dançando em tua companhia

Um vôo alçou sem meus olhos alcançar
Asas ávidas de um destino além
Aquém da minha vontade. Saudade!
Ricas flores de um amor crescente.

Urgente de mim, voltaste a tempo
Para beijos e abraços de laçar a alma
E calma tua voz passeia

Acalma os tormentos que o sol me causa
Em teu colo repouso em sono tranqüilo
Princípio de paz que acorda o meu dia.

**Eva**

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Estado



Crava-me teus dentes
Que minha boca está ávida!

Crava-me tuas unhas
Que minha pele está pálida!

Crava em mim tua energia
Rígida. Sólida. Vívida.

Crava em mim que estou
Cândida. Mórbida. Límpida.

Crava em mim que sou
Crédula. Líquida. Mágica.

Crava em mim que sou
E preciso estar
Mulher!

**Eva**
Escultura de Camille Claudel

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Como se eu te pertencesse



Como se eu te pertencesse
Como se sempre fosse tua
Passeias sem medo pelo meu corpo
Porque bem conheces o gosto
A cor da minha pele nua

Como se eu te pertencesse
Cai inteiro nos meus braços
Entra sem pedir licença
Eu bem sei o que você pensa
Sem que peça eu logo faço

Como se eu te pertencesse
Fala que muito me quer
Me quer selvagem, felina
Sem pudores de menina
Me quer só tua mulher

E é assim que eu me sinto
Quando teu corpo no meu sua
Como se eu te pertencesse
Como se com outro eu não devesse
Como se sempre fosse tua.

** Eva **
O Beijo (detalhe)
(1907/1908)
Gustav Klimt
Oesterreichische Galerie, Viena

terça-feira, 28 de julho de 2009

Teu Corpo



Teu corpo é fruta mais que gostosa
Que saboreio da casca até o sumo
De tanto ir, minha boca sabe o rumo
Da tua delícia melindrosa

Ah! Teu corpo! Que doce pecado
Nele me sacio de tanto prazer
Sem ter sequer, o receio de querer
Ou mesmo possuir algo errado

Mas teu corpo é vida errante
Vive de momentos, vive de instantes
Não tem raízes e não vê fronteiras

Quer sim a liberdade para então ousar
A entrega possuir, mas não se entregar
Teu corpo enfim, é nuvem passageira

**Eva**

Fauno Barberini
(1726)
Cópia em mármore de Èdme Bouchardon
Museu do Louvre, Paris
(cópia de cópia romana de original grego de c.220 a.C.)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Baco



Temo ter aberto a caixa secreta de Pandora,
que trouxeste, sorridente, até mim.
Tu, um sátiro... ou o próprio Baco,
Oferecendo-me a taça das delícias afrodisíacas.

Em um espaço-templo que construíste
Eu me senti uma simples mortal,
indefesa aos encantos libidinosos
dos deuses em seus sórdidos disfarces.

E depois de entregar a taça do desejo,
Incitaste-me ao golpe fatal:
Coube à mim a escolha permissiva
Para um ritual inebriante e avassalador.

E se da caixa só resta a esperança,
Da taça eu tomei o último gole.
Que meu corpo queime em teu inferno de Dante!
E que a força dos deuses, por fim, me console!

**Eva**
O Jovem Baco
(1595)
Caravaggio
Óleo sobre tela
94cm x 85cm
Galeria Ufizi
Florença (Itália)